Fomos jovens

Somos adultos

Seremos velhos

O tempo, ah, o tempo!

Corre veloz, sem pedir licença

E nós

Tememos o que seremos

Vivemos o que podemos

Querendo ser o que fomos

Angela Madono

06.08.2023

LASCÔ-SE!

Em milhões de anos

Revelo minha idade

cheia de sabedoria

encaro a realidade

Entre árvores e rios

Lapidada por fogo e vento

Minha formação rochosa

Traz-me orgulho e alento

Neste lugar tranquilo

Surgiu um bicho novo

Alterou rios e florestas

Dominou vento e fogo

Desenvolveu várias ações

Fez muitas coisas estranhas

Penetrou em meu corpo

Tatuou minhas entranhas

Registrou a sua vida

Cenas de caça e animais

Expandiu a sua arte

Deixou muitos sinais

Permaneci cúmplice

Deste evento secreto

Depois de vários milênios

O segredo foi descoberto

Cuidadora deste legado

Aviso aos bichos vindouros

NÃO RESPIREM AQUI DENTRO!

Preservem este tesouro.

Ass: Caverna de Lascaux, FRANÇA!

Por

 

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em

 

rebeldia...

Não ouço o que já foi dito

Não obedeço o que está etiquetado

Nem vejo o que todo mundo vê

Sou minha própria sombra

Ouço a voz que brota de mim

Sigo meus próprios rastros

A brisa no meu rosto é minha apenas

Cada gota que bebo é para mim somente

Do chão que piso, naquele instante, sou dono

Eu sou meu

Deus é meu

Nada mais há

Angela Madono

CICLO DA VIDA

CICLO DA VIDA

A água nutre

Da cabeça aos pés

Água é vida

A água é Mulher!

Água cristalina

Que mata a sede

refresca o corpo

Renova a mente

Orvalho da manhã

Água corrente

Vapores da tarde

Chaleira fervente

Águas revoltas

Aguas poluídas

Que se renovam

Que fertilizam

Águas salgadas

Águas paradas

Águas calmas

Águas passadas

Água turva

Nuvens escuras
Água da chuva

Água pura

Que banha todos

De novo parida

Ciclo constante

Água da Vida

Água do altar

Água benta

Fôlego de Deus

Que nos sacramenta

CÚMPLICE DO DESTINO

CÚMPLICE DO DESTINO

Aguardo, pacientemente, que tudo se consuma

Em silêncio, que as vozes calem

Com ânsia, que o círculo se complete

Um dia o fim envolverá tudo

Serão vãs as esperanças

Infinitos, os suspiros

A terra cheia de corpos inauditos

O ar estanque, a água incolor

Então serei arremessada para onde o tempo se dilui.

Angela Madono

Mar, sol, descanso

Queres entrar no mar? Ele disse.

Prefiro ficar ao sol. Ela disse.

Estenderam as toalhas na areia

A brisa do mar chegou até eles

As ondas atreveram-se a lamber seus pés

que, lado a lado, em silêncio,

deixaram-se ali ficar,

para enfim descansar.

ASFIXIA

ASFIXIA

A garganta sufoca o grito

Que, se solto, não alivia

Porque o sapo que nela habita

Grita por ela a dor maldita

Na garganta sufoco um grito

Que, se solto, não alivia

Porque o sapo que nela habita

Grita por mim a dor maldita

Na garganta sufocamos gritos

Que, se soltos, não aliviam

Porque os sapos que nelas habitam

Gritam por nós dores malditas

Na garganta sufocas um grito

Que, se solto, não te alivia

Porque o sapo que nela habita

Grita por ti essa dor maldita